Minicursos

07, 08 e 09 de novembro de 2022 (segunda, terça e quarta)

18h às 19h30min – Minicursos

SISTEMA DE INSCRIÇÃO

Formato online

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Minicurso 1 – Metodologia da pesquisa dialetal

Marcela Moura Torres Paim

Universidade Federal Rural de Pernambuco

Resumo: O minicurso abordará o estudo da diversidade linguística do Brasil com base na Dialetologia. Discorrerá sobre a importância do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) para a descrição e a análise de fenômenos variáveis do português brasileiro e para o ensino de Língua Portuguesa com base em dados atualizados e sistematicamente recolhidos em todo o País. Serão apresentados resultados de análises realizadas pelo Projeto ALiB no âmbito do léxico com o intuito de abordar a importância da elaboração de um atlas linguístico do Brasil para a pesquisa e para o ensino de Língua Portuguesa; apresentar a metodologia utilizada pelo Projeto ALiB; abordar os passos de uma pesquisa dialetológica; discutir resultados de pesquisas dialetológicas sobre o léxico do português brasileiro com base em dados do Projeto ALiB.

Referências

FERREIRA, Carlota; CARDOSO, Suzana Alice. A dialetologia no Brasil. São Paulo: Contexto, 1994.

PAIM, Marcela Moura Torres; SFAR, Inès; MEJRI, Salah. Nas trilhas da fraseologia a partir de dados orais de natureza geolinguística. Salvador: Contexto, 2018.

 

Minicurso 2 – Fronteira e territoralidade lusófona no Oriente bolivianoCancelado

Suzana Vinicia Mancilla Barreda

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Resumo: Os territórios fronteiriços congregam uma diversidade de povos que extrapolam a configuração bi ou trinacional de Estados-nação. São populações que transitam e, por vezes, se estabelecem nessas regiões distantes dos centros nacionais gerando dinâmicas próprias de aproximação, quais sejam trocas e atitudes colaborativas que coexistem com embates, assimetrias e tensões nos diferentes âmbitos. No que tange às línguas presentes na fronteira Bolívia Brasil, transitam o castelhano e o português como línguas majoritárias em uso, assim como línguas indígenas regionais e de outras procedências, bem como línguas provenientes de distintos países, compondo um mosaico plurilinguístico. Isso posto, este estudo tem em vista mapear os âmbitos representativos em que está presente o português ao atravessar a fronteira, na área urbana de Puerto Quijarro, município boliviano fronteiriço a Corumbá, Brasil. Trata-se de um estudo interpretativista com base em registros de campo com o apoio de dados documentais e estudos bibliográficos, analisados numa perspectiva decolonial tendo como base Rivera Cusicanqui (2010), estudiosa que parte da prática descolonizadora para justificar um discurso ou uma teoria decolonial. Nesse contexto, a língua portuguesa está estendida além do limite geográfico, formando uma nova territorialidade lusófona na fronteira com a Bolívia, a priori denominado português boliviano. Sua presença é reconhecida nos documentos oficiais locais de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, em que se registra o português como uma das línguas mais faladas nessas localidades, depois do castelhano. Seu modo de funcionamento é peculiar, em especial no setor comercial e de serviços. Tal situação não está associada ao ensino de línguas no sistema educativo boliviano, uma vez que na área de lenguajes da grade curricular local estão presentes o castelhano, uma língua estrangeira: o inglês e uma língua nativa: o bésiro. Há evidências de que a interpenetração das línguas majoritárias em um e outro território ocorre de forma particular, igualmente sua intercompreensão.

Referências

MANCILLA BARREDA, Suzana Vinicia. Um olhar às línguas em circulação em Puerto Quijarro (BO) fronteira com Corumbá (BR). Revista GeoPantanal (UFMS), v. 12, p. 145-162, 2018.

MANCILLA BARREDA, Suzana Vinicia; MACIEL, Ruberval Franco. Português na fronteira Bolívia Brasil a partir de uma visão decolonial. [S.l.]: Acta Scientiarum Language and Culture. 2022. No prelo

 

Minicurso 3 – Línguas indígenas: pesquisa, políticas linguísticas e ensinoCancelado

Denise Silva

Instituto de Pesquisa da Identidade Cultural

Universidade de Salamanca

Resumo: O Brasil possui uma rica diversidade linguística, são mais de 200 línguas indígenas e todas elas correndo risco de extinção. Reverter esse cenário é tarefa urgente e necessária e para tanto é preciso discutir estratégias de documentação, descrição, formação de pesquisador indígena, produção de material didático e todas essas ações perpassam por políticas linguísticas. Neste minicurso abordaremos a situação das línguas indígenas brasileiras, com enfoque nas línguas de Mato Grosso do Sul enfatizando os trabalhos realizados tanto na pesquisa como no desenvolvimento de ações junto às escolas e comunidades indígenas. Como suporte para as discussões utilizaremos a legislação vigente, o Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas e resultados de pesquisas que abordem a temática.

Referências:

Referencial curricular nacional para as escolas indígenas/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action&co_obra=26700>. Acesso em: 23/08/2022.

RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas indígenas brasileiras. Brasília, DF: Laboratório de Línguas Indígenas da UnB, 2013. 29p. Disponível em: <http://www.laliunb.com.br>. Acesso em: 23/08/2022.

 

Minicurso 4 – Ideologias, crenças e atitudes no uso da língua (gem)

Fabiana Biondo

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Patrícia Graciela Rocha

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Resumo: Neste minicurso, pretendemos abordar práticas de linguagem atuais em que se destaquem questões sobre ideologias, crenças e atitudes linguísticas, promovendo discussões a propósito de como tais questões relacionam-se a aspectos socioculturais inscritos e dinamizados em determinados grupos de afinidade e comunidades discursivas. As práticas a serem contempladas serão depoimentos de alunos/as e professores/as da Educação Básica, materiais didáticos de ensino de línguas e interações na internet. Como aparato teórico, interessam-nos estudos sobre ideologias linguísticas e sobre norma-padrão (WOOLARD, 1998; BAGNO, 2007, 2013a, 2013b; MOITA LOPES, 2013, LAGARES, 2018), além de informações a respeito do Programa Nacional do Livro Didático e da BNCC (GONZÁLES, 2015; MALERBA, 2017; ANTUNES, 2018, etc.). A ideia é relacionar e confrontar questões sobre ideologias, crenças e atitudes a partir dessas práticas, tratando ainda do preconceito linguístico, um problema social que demanda mudanças pedagógicas concretas. Aspiramos, com este minicurso, desenvolver principalmente o olhar daqueles envolvidos com a educação linguística para o fato de que “a linguagem é campo de luta” e que posicionamentos linguísticos reverberam posicionamentos políticos mais amplos (LAGARES, 2018, p. 211). 

 

Minicurso 5 – Experiências na aplicação de questionários linguísticos em áreas dialetaisCancelado

Regiane Coelho Pereira Reis

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Marigilda Antonio Cuba

Universidade de Cuiabá

Resumo: A pesquisa científica possui padrões norteadores preestabelecidos para a sua realização. Nela, o método de investigação configura-se como o alicerce dos procedimentos. Por isso mesmo, a fase de coleta de dados da pesquisa, antecessora da análise e divulgação dos dados, é tida como fundamental para o alcance de um resultado relevante. A descrição dos procedimentos não é mera formalidade, permite percorrer um caminho e até confirmar afirmações apontadas. Na pesquisa geolinguística pluridimensional não é diferente; a elaboração de um atlas linguístico pluridimensional requer um afinamento minucioso da metodologia empregada. O perfil do informante, a escolha das localidades, o questionário linguístico e, sobretudo, a aplicação desse questionário configuram-se num arcabouço que traz informações válidas de determinados aspectos da realidade para a análise. Nesse cenário, este minicurso visa a mostrar os desafios e as experiências na aplicação de questionários linguísticos em áreas dialetais. Ressalta-se que as ministrantes são autoras de atlas linguísticos pluridimensionais brasileiros. 

Referências

CHAMBERS, J. K; TRUDGILL, Peter. La Dialectologia. Madrid: Visor Libros SL, 1994.

CINTRA, Luís Fernando Lindley. Estudos de Dialectologia portuguesa. Lisboa: Sá de Costa, 1983.

CARDOSO, Susana Alice Marcelina. Geolinguística: tradição e modernidade. São Paulo: Parábola editorial, 2010.

THUN, Harald. La géographie linguistique romane à la fin du XX e siècle.  In: Congrès International de Linguistique et de Philologie Romanes: Vivacité et diversité de la variation linguistique. Travaux de la section “Dialectologie, géolinguistique, sociolinguistique”. (22: Bruxelles: 1998). Actes… Tübingen: Niemeyer, v. 3, 1998a, p. 367-386.

 

Minicurso 6 – Del «qué español hay que enseñar» al «cómo presentar cuestiones de variedades lingüísticas» en el ámbito de ELE

Martín Tapia Kwiecien

Universidad Nacional de Córdoba

María Laura Galliano

Universidad Nacional de Córdoba

Renato Rodrigues-Pereira

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Resumen: El conocimiento de la diversidad lingüística y de las variedades lingüísticas (diatópicas, diafásicas y diastráticas) del español —en relación con el concepto de lengua estándar y de las diferentes normas hispánicas— es, hoy en día, fundamental para abordar su enseñanza en las clases de lengua extranjera. En este sentido, se comprende, en forma análoga a la naturaleza, que las lenguas y sus variedades conforman un paisaje ecolingüístico que necesita ser preservado.  Este taller, por lo expuesto, procura, en un primer momento, revisar ciertos planteos teórico-metodológicos y conceptuales sobre variedades lingüísticas a partir de la noción de competencia sociolingüística en el contexto de ELE (MCER y PCIC) para, en un segundo momento, revisar y reflexionar acerca del tratamiento didáctico de las variedades lingüísticas en manuales de español como lengua extranjera o segunda. Finalmente, se propondrán formas de presentar estos temas al estudiantado de una manera práctica, crítica y eficiente según los niveles fonético, morfológico, sintáctico y léxico-lexicográfico. Se espera, con ello, enfatizar la importancia de la diversidad y la variedad lingüística como elementos enriquecedores de las prácticas educativas que no reflejan, en ningún caso, una desviación “from an ideal type”. La meta de este taller es que quienes participen de esta actividad logren familiarizarse con conceptos fundamentales de la diversidad lingüística hispánica en la actualidad y que puedan reflexionar sobre el tratamiento de la variación lingüística y cultural en las clases de ELE.

Bibliografía

Acuña. L.; Baralo, M.; y Mouree, J. L. (2015). ¿Qué español enseñar a un extranjero? CABA: Tinta Fresca.

Contreras Izquierdo, N. (2013). Variación lingüística y ELE. El diccionario como herramienta didáctica para la enseñanza del español coloquial. Anuario brasileño de estudios hispánicos, XIII, Vol. 2.

 Hernández Muñoz, N.; Muñoz-Basols, J.; y Soler Montes, J. (2022). La diversidad del español y su enseñanza. Londres y Nueva York: Routledge.

 Méndez Santos, M. (2021). 101 preguntas para ser profe de ELE. Introducción a la lingüística aplicada para la enseñanza del español. Madrid: Edinumen.

Moreno Fernández, F. (2010). Las variedades de la lengua española y su enseñanza. Madrid: Arco/Libros.

Neila, G. (2020). Embajadores del español. Guía para profesores de español como lengua extranjera. Madrid: Píe de Página.

 

Minicurso 7 – Noções básicas de estatística para Sociolinguística

Bruno Oliveira Maroneze

Universidade Federal da Grande Dourados

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)

Resumo: É muito comum ouvirmos expressões como “sou de humanas, não de exatas”, “fiz Letras porque não sei fazer contas” etc. No entanto, o trabalho com dados quantitativos é de grande importância em qualquer estudo científico, seja nas ciências naturais, seja nas ciências sociais e nas humanidades. Com este minicurso, pretendemos “quebrar” esse preconceito e introduzir conceitos básicos de análise quantitativa. Trabalharemos com elaboração e interpretação de tabelas e gráficos e com testes de hipóteses, usando um software de edição de planilhas eletrônicas. É desejável que os participantes do minicurso tragam dados para serem analisados, em formato legível por planilhas eletrônicas (tais como .xls, .xlsx, .csv ou .tsv).

Referências

MARONEZE, Bruno. A realização do sujeito no português brasileiro. https://www.researchgate.net/publication/237487567_A_Realizacao_do_Sujeito_no_Portugues_Brasileiro

OUSHIRO, Lívia. Tratamento de dados com o R para análises sociolinguísticas. In: FREITAG, Raquel Meister Ko. (Organizadora). Metodologia de Coleta e Manipulação de Dados em Sociolinguística. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2014.http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/openaccess/metodologia-sociolinguistica/011.pdf

 

Minicurso 8 – Mecanismos cognitivos da mudança linguística em perspectiva funcional

Taísa Peres de Oliveira

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Resumo: O objetivo deste minicurso é discutir os mecanismos cognitivos que atuam nos processos de mudança linguística, compreendidas como construcionalização e mudança construcional. Parte-se, para tanto, do aparato teórico-metodológico dos Modelos Baseados no Uso (LANGACKER, 2008; BYBEE, 2010; GOLDBERG, 2019; TRAUGOTT e TROUSDALE, 2021), reconhecendo dois princípios mais centrais: (i) significado é baseado no uso; (ii) estrutura emerge do uso, entendendo que língua e gramática são concebidas como um sistema adaptativo complexo que, ao mesmo tempo, apresenta relativa estabilidade estrutural, variância e gradiência (BYBEE, 2010). Assim, o propósito deste minicurso é explorar os processos cognitivos gerais que atuam na emergência da estrutura linguística e apresentar o modo como esses processos operam sobre instâncias múltiplas do uso para ativar a mudança linguística (BYBEE, 2010). Discute-se, aqui, especificamente, os processos metáfora, metonímia, rotinização, entrincheiramento e chunk, e como esses processos afetam o grau de esquematicidade, composicionalidade e produtividade das construções, unidade básica da gramática. E, a partir daí, busca-se compreender como os processos cognitivos atuam para as mudanças na gramática de uma língua, concebida em termos de rede conceitual flexível e instável, organizada a partir de padrões sociais de convencionalização em que se, destacam o papel da cognição e das experiências corporificadas como base para o significado linguístico.

Referências

BYBEE, J. Language, usage and cognition. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.

GOLDBERG, A. E. Explain Me This. Creativity, Competition, and the Partial Productivity of Constructions. Princeton: Princeton University Press, 2019.

LANGACKER, R. W. Cognitive Grammar: a basic introduction. New York: Oxford University Press. 2008.

TRAUGOTT, E. C.; TROUSDALE, G. Construcionalização e mudanças construcionais. Tradução de Taisa Peres de Oliveira e Maria Angelica Furtado da Cunha. Vozes, 2021, 464p.

Material de Leitura

BARLOW, M.; KEMMER, S. Introduction: a usage-based conception of language. In: BARLOW, M.; KEMMER, S. (Ed.) Usage based models of language. Stanford: CSLI Publications, 2000, p. 7-25.

BYBEE, J. A usage-based perspective on language. In: BYBEE, J. Language, Usage and Cognition. Cambridge: Cambridge University Press, 2010, p. 1-13.

GONÇALVES, S. C. L.; OLIVEIRA, T. P. Por uma abordagem de construções complexas em perspectiva construcional. Working papers em Linguística, Florianópolis, v. 21, n.1., p. 102-107, 2020.

OLIVEIRA, T. P.; CLEMENTE, C. G. C. Esquematicidade e produtividade na reconfiguração da rede de conectores condicionais. (versão preliminar).

 

Minicurso 9 – Terminologia em Língua de Sinais Brasileira: uma trajetória para a percepção linguística de sinais-termo

Taynã Araújo Naves

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Sandra Patrícia de Faria do Nascimento

Universidade de Brasília

Messias Ramos Costa

Universidade de Brasília

Resumo: Este minicurso tem como principal objetivo sintetizar a trajetória que tem levado os estudos terminológicos à percepção linguístico-descritiva de sinais-termo em LSB. Serão apresentadas breves reflexões introdutórias acerca do tema, delineando o papel e a importância de se dedicar a esses estudos. Segue uma retrospectiva dos estudos desenvolvidos em programas de pós-graduação, de forma a desenhar uma síntese de pesquisas concluídas ou em andamento, no Brasil, nesse campo de estudo, acompanhada de breve menção à organização de repertórios terminográficos para fins específicos, como o da terminografia escolar. Incluem-se nesse escopo alguns tópicos relacionados à macro e microestrutura de repertórios terminográficos com LSB, com destaque a glossários elaborados com sinais-termo para diferentes áreas do conhecimento. A metodologia usualmente empregada na produção de corpora terminológico, assim como na análise dos mecanismos morfológicos empregados pelos sinalizantes na concepção de sinais-termo, acompanha discussões sobre o processo de criação dos sinais-termo, motivado pelos estudos dos morfemas-base (FARIA-NASCIMENTO, 2009) e dos morfemas-base concatenados (COSTA, 2021), com demonstração de sinais-termo de várias áreas do conhecimento, extraídos da pesquisa dele e de outros estudiosos. A partir dessas reflexões pretende-se contribuir com a disseminação dos estudos da Terminologia linguística da língua de sinais brasileira.

Referências 

FARIA-NASCIMENTO. Sandra Patrícia de. A organização dos morfemas livres e presos em LSB: reflexões preliminares. In: QUADROS, Ronice Müller; STUMPF, Marianne Rossi; LEITE, Tarcísio de Arantes (orgs). Estudos da Língua Brasileira de Sinais I. Série Estudos de Língua de Sinais. Vol.I. Florianópolis: Insular, 2013. ISBN: 978-85-7474-709-5. (pp.79-116).

MARTINS, Francielle Cantarelli; STUMPF, Marianne Rossi; MARTINS, Antonielle Cantarelli. Reflexões sobre componentes e organização de entradas de obras lexicográficas e terminológicas da Libras. INES. Revista Espaço. Rio de Janeiro, nº 49, jan-jun, 2018.

PROMETI, Daniela; COSTA, Messias Ramos. Criação de Sinais-Termo nas áreas de especialidades da língua de sinais brasileira – LSB. INES. Revista Espaço. Rio de Janeiro, nº 49, jan-jun, 2018.

 

Minicurso 10 – Marcas de uso: conceito e aplicação na prática lexicográfica brasileira

Fábio Henrique de Carvalho Bertonha

Universidade Estadual Paulista

Resumo: Ao observarmos o léxico de uma língua, constatamos como uma comunidade linguística percebe o mundo a partir de uma determinada realidade sócio-histórico-político-cultural, sendo que, por meio do estudo das marcas de uso, conseguimos entender melhor esses diferentes aspectos. À vista disso, neste minicurso, ao longo de seus três dias, iremos apresentá-lo em duas partes, abordando questões teóricas e trazendo considerações práticas a respeito das diferentes marcas de uso (HAUSMANN, 1977 apud WELKER, 2004). Interessa-nos destacar aos consulentes como é importante e vantajosa a presença delas nas acepções que apresentam algum tipo de restrição acerca de seu emprego. Baseando-nos em Fajardo (1997), Strehler (1998), Garriga Escribano (2003), Welker (2004), Pontes (2008; 2009) e Gutiérrez Cuadrado (2011), verificamos que a não sistematização da etiquetagem revela como os valores sociais registrados nos dicionários se alteram no decorrer do tempo. Esperamos que, via exemplos de descrição microestrutural, os participantes, consulentes de dicionários, possam se atentar mais às acepções marcadas a fim de apropriar-se de seus significados e, consequentemente, ampliar seu vocabulário lexical, possibilitando um avanço lexical e cultural.

Referências

 BERTONHA, F. H. C.; ZAVAGLIA, C. A contribuição das marcas de uso diatécnicas para tradutores técnicos: usuários das línguas de especialidade. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 61, p. 71-85, 2022.

 WELKER, H. A. Marcas de uso. In: Dicionários: uma pequena introdução à lexicografia. Brasília: Thesaurus, 2004. 2. ed. Revista e Ampliada, p. 130-149.

 

Minicurso 11 – A dimensão acústica dos sons da língua: noções básicas

Amanda dos Reis Silva

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Resumo: A dimensão acústica dos sons da língua: noções básicas Amanda dos Reis Silva (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB) Ao pensarmos na linguagem humana, do ponto de vista científico, temos a ciência de que o meio primário de acesso às peculiaridades dessa é o som. Fonética e Fonologia são os níveis nos quais se enquadram os componentes sonoros, destituídos de significado, mas dotados de valor linguístico. Tratando-se das peculiaridades materiais dos sons da linguagem, a Fonética comumente é estudada em três perspectivas: a que considera a articulação dos sons pelo aparelho fonador, Fonética Articulatória; a Fonética Acústica, que se interessa pelos aspectos físicos das ondas sonoras articuladas, em seu meio de propagação, o ar; e a Fonética Perceptual ou Auditiva, que dá conta da recepção dos sons e dos mecanismos auditivos e neurológicos desse fenômeno. Neste minicurso, destacaremos a Fonética Acústica e os conceitos básicos que envolvem essa vertente. Salientaremos as principais características das ondas sonoras transmitidas pelos seres humanos e relevantes à linguagem, e suas definições. Definiremos o que caracterizam vogais, semivogais e consoantes sob o ponto de vista acústico. Veremos a análise preliminar de espectros de vogais e consoantes do Português Brasileiro no PRAAT 6.2.14 (BOERSMA; WEENINK, 2022), software destinado ao trabalho em tal panorama. Como exercício final, pretende-se a segmentação de sílabas e palavras fonológicas, do ponto de vista acústico

 

Minicurso 12 – Da Dialetologia à Dialetometria: teoria, método e análise dialetométrica de atlas

Fernando Brissos

Universidade de Lisboa

Vera Lúcia Dias dos Santos Augusto

Faculdade de Caldas Nova

Resumo: A proposta deste minicurso é proporcionar uma breve conceituação da Dialetologia e Dialetometria, disciplina que se ocupa do processamento quantitativo de dados dialetais. Trataremos do método de constituição e análise de bancos de dados de atlas linguísticos a partir de exemplos concretos do Brasil, nomeadamente estudos de pós-doutorado realizados nas universidades de São Paulo e Lisboa. Diante desse contexto, nesse minicurso temos como proposta destacar: i) os princípios teórico-metodológicos da Dialetometria; ii) o problema da escolha do corpus em Dialetometria, avaliando a abrangência geográfica, requisitos ao nível do número e tipo de questões a utilizar; iii) a determinação das variáveis dialetométricas; iv) o uso do software DiaTech, a fim da constituição da base de dados; v) o funcionamento dos principais parâmetros de análise dialetométrica (cartas de similaridade, distribuição de assimetria e análise de clusters). Assim sendo, o presente minicurso se dispõe a abrir um espaço para divulgação e discussão da Dialetometria, disciplina ainda pouco conhecida no Brasil como em geral. Consideramos importante, em face da grande quantidade de atlas linguísticos produzidos no Brasil nas últimas décadas, apresentar propostas de processamento otimizado de corpora dialetais de grande dimensão.

Referências

ALTINO, Fabiane Cristina. Atlas Linguísticos do Paraná – v. II: comentários sobre a Dialetometria. Universidade Estadual de Londrina (UEL). Disponível em: Estudos Linguísticos, São Paulo, 41 (2) maio-ago, 2012, pp. 818-832. <https://revistas.gel.org.br/estudos-linguisticos/article/view/1201/755> .

BRISSOS, Fernando; GILLIER, Raïssa; SARAMAGO, João. Variação lexical açoriana: estudo dialetométrico do Atlas Linguístico – Etnográfico dos Açores. In: Aproximacións á variación lexical no domínio galego-portugués. Álvarez de la Granja, María, Ana Boullón Agrelo & Ernesto González Seoane, Aproximacións á variación lexical no dominio galego-portugués. A Coruña: Área de Filoloxías Galega e Portuguesa / Departamento de Galego-Portugués, Francés e Lingüística / Universidade da Coruña. Monografia 11 da Revista Galega de Filoloxía, pp. 11-28. Disponível em: Disponível em: http://hd1.handle.net/104551/32734.

 

Minicurso 13 – Toponímia e ensino: desafios e novas perspectivas

Karylleila dos Santos Andrade

Universidade Federal de Tocantins/CNPq

Resumo: Este minicurso tem como proposta discutir a toponímia aplicada ao contexto do ensino, sob a ótica da prática pedagógica interdisciplinar e inovadora. Ao estudar o topônimo, no âmbito do contexto escolar, podemos ampliar a sua perspectiva, já que é formado a partir de elementos que se inter-relacionam a diferentes áreas do saber: aspectos de natureza linguística, etimológica, sócio-histórica, geográfica, cultural, identitária, por exemplo. A partir de uma leitura prévia dos documentos oficiais, identificamos que a interdisciplinaridade é o princípio transversal das orientações curriculares da Educação Básica. Como proposta de discussão, utilizaremos como subsídios os seguintes referenciais: LDB (1996), DCN (2013) e BNCC (2017) e o Documento Curricular do Estado do Tocantins (2019). Como aporte teórico e metodológico na área da toponímia, os trabalhos de Dick (1990, 1999, 2004 e 2006), Andrade (2012, 2014, 2017, 2019), Carla, Andrade e Pereira (2018) e Carvalhinhos e Santos (2021). E na área da Educação, os autores Saviani (1995), Morin (2002 e 2008) e Fazenda (2002, 2006, 2013).

Referências

BASTIANI, C.;  ANDRADE, K; PEREIRA, C. B. Toponímia e geografia: diálogos possíveis no contexto da teoria da interdisciplinaridade. Caminhos de Geografia Uberlândia. V. 19, n. 65 Março/2018 p. 109–124 P. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/view/37117. Acesso em: 18 jul 2022.

FAZENDA, I. C. A. A efetivação da interdisciplinaridade: obstáculos e possibilidades. In. FAZENDA, I. C. A. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro. São Paulo: Loyola, 2003. (Livro disponível para download)

 

Minicurso 14 – Toponímia em línguas de sinais: pesquisa e ensino

Alexandre Melo de Sousa

Universidade Federal do Acre

Resumo: O minicurso objetiva apresentar um panorama geral da Toponímia em Língua Brasileira de Sinais (Libras), seja como objeto de pesquisa, seja como componente curricular nos ambientes escolares. Para isso, partirá  das bases da Onomástica em línguas orais e em línguas de sinais, com atenção especial para a Toponímia em Libras. O minicurso será dividido em duas partes principais: na primeira, serão apresentadas as bases teórico-metodológicas das pesquisas toponímicas em Libras, tanto para a análise formal dos sinais que nomeiam os espaços geográficos, quanto para os aspectos semântico-motivacionais e icônicos dos topônimos em Libras; na segunda parte, será dada atenção à aplicação da Toponímia em Libras em sala de aula, especialmente em turmas do Ensino Básico. De modo geral, no desenvolvimento do minicurso será possível verificar a relação entre os aspectos específicos das línguas de modalidade visual-espacial e a cultura surda, especialmente no que se refere ao ato de nomear espaços geográficos pelos sujeitos surdos.

Referências

SOUSA, Alexandre Melo de. Onomástica em Libras. In: SOUSA, Alexandre Melo de; GARCIA, Rosane; SANTOS, Tatiane Castro dos. Perspectivas para o ensino de línguas 6. Rio Branco: EDUFAC, 2022, p. 5-20. Disponível em: http://www2.ufac.br/editora/livros/PerspectivasEnsino.pdf Acesso em: 05 julho 2022.

SOUSA, Alexandre Melo de. Toponímia em Libras: pesquisa, ensino e interdisciplinaridade. São Paulo: Pimenta Cultural, 2022. Disponível em: https://www.pimentacultural.com/_files/ugd/18b7cd_cdafbb34ecba4e41a112cfb32feebdf4.pdf  Acesso em 05 julho 2022.

 

Minicurso 15 – Introdução aos estudos toponímicos: teoria e metodologia

Ana Paula Tribesse Patrício Dargel

Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Ana Claudia Castiglioni

Universidade Federal do Norte do Tocantins

Marilze Tavares

Universidade Federal da Grande Dourados

O ato de nomear permite ao homem identificar, categorizar, singularizar e se apropriar do mundo que o cerca. Nessa perspectiva, inserida no campo de estudo da Onomástica, situa-se a Toponímia, disciplina que se dedica à análise dos nomes próprios de lugares. Nesse sentido, objetiva-se neste minicurso apresentar e suscitar discussões sobre aspectos teórico-metodológicos norteadores da Toponímia. Para tanto, serão focalizados aspectos diferentes e essenciais para a análise do topônimo como mecanismos de nomeação, modelos teóricos de classificação semântica, estrutura morfológica, língua de origem, causas denominativas e as tendências das pesquisas sobre os nomes próprios de lugares por intermédio de exemplos armazenados no Banco de dados do Projeto ATEMS.

PALAVRAS-CHAVE: Toponímia; motivação semântica; causas denominativas; ATEMS.

Referências

DICK, Maria Vicentina do Amaral. Método e questões terminológicas na Onomástica. Estudo de Caso: A toponímia do estado de São Paulo. In: Investigações. Linguística e Teoria Literária. São Paulo: EDUSP, v. 9, 1999, p. 119-148.

ISQUERDO, Aparecida Negri; DARGEL, Ana Paula Tribesse Patrício. A macrotoponímia dos municípios sul-mato-grossenses: mecanismos de classificação semântica. In: ISQUERDO, Aparecida Negri (Org.) Toponímia. Tendências toponímicas no estado de Mato Grosso do Sul. Vol. 2. Campo Grande: Editora UFMS (formato digital), 2020, p. 228-272.

 

Minicurso 16 – Métodos em Linguística popular: da dialetologia perceptual às práticas discursivas

Marcelo Rocha Barros Gonçalves

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Resumo: No minicurso “Métodos em Linguística popular: da dialetologia perceptual às práticas discursivas” pretendemos apresentar um panorama de estudos sobre a Linguística Popular. Numa abordagem inserida na área da Historiografia Linguística, intentamos avaliar os enunciados (e por que não tipos de discursos?) que foram proferidos sobre a Linguística Popular no ambiente acadêmico – como se constituíram textualmente ao longo do tempo e em diferentes geografias – ao mesmo tempo em que refletimos sobre a sua constituição enquanto um fato linguístico, sobretudo se nos debruçarmos sobre as manifestações de não especialistas em matéria de língua e linguagem. Nossas hipóteses indicam que as práticas linguísticas realizadas por estes não linguistas podem revelar estratégias bastante diversificadas quanto à construção de teorias espontâneas sobre língua e linguagem, alinhadas ou não às teorias formalizadas já consagradas num ambiente científico e acadêmico. O minicurso fará a utilização do Google Classroom como ferramenta de suporte às atividades de ensino-aprendizagem.

Referências

GONÇALVES, M. R. B. A Linguística Popular e a Historiografia Linguística. Revista da ABRALIN, v. 20, n. 3, p. 609-620, 7 dez. 2021. https://revista.abralin.org/index.php/abralin/article/view/1972 

PRESTON, D. R. . Métodos em Linguística Popular (aplicada): o que pensa o povo? (Methods in (applied) folk linguistics: getting into the minds of the folk). Estudos da Língua(gem), [S. l.], v. 19, n. 2, p. 9-42, 2021. https://periodicos2.uesb.br/index.php/estudosdalinguagem/article/view/9942